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“Olá Mark, o que você andou fazendo nesses vinte anos?”…

A frase de Sick Boy nos trechos iniciais de T2 – Trainspotting não poderia ser mais significativa… e não só para o filme.

T2 – Trainspotting, assim como o filme de 1996, apresenta a mesma energia e qualidade cinematográfica: bela fotografia, tomadas inovadoras, agilidade no roteiro, ótimos flashbacks e uma impecável trilha sonora. T2 – Trainspotting tem o mérito de não cair no erro de muitos filmes que tentam resgatar o brilho de sua primeira versão e se transformam numa sequência nostálgica com tons de “remake”, pelo contrário, T2 – Trainspotting revela uma sequência pulsante que, mesmo olhando majoritariamente para o passado, consegue ser atual e denso, revelando, de uma forma dinâmica, todo o peso destes vinte anos e muitos dilemas da sociedade contemporânea.

Mas o maior impactoTrainspotting-3, e penso especialmente naqueles que conheceram Renton, Spud, Begbie e Sick Boy há exatamente vinte anos atrás, não reside na qualidade cinematográfica em si, mas, especialmente, sobre o simbolismo que o “tempo” adquire na obra. No fundo, trata-se apenas dele, o resto é consequência.

Agora, notadamente escrevendo em primeira pessoa, é inegável o impacto ao entrar no cinema e revê-los, vinte anos depois.

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Em 1996, Trainspotting era uma referência para nossas mentes jovens e sedentas por transitar, de alguma forma, na contracultura daqueles tempos. Prova disto residia nas inúmeras referências que fazíamos ao filme no cotidiano entre amigos (até o apelido de Spud um grande amigo ganhou temporariamente). Era impossível dissociar Trainspotting do imaginário juvenil daqueles meninos que nasceram nos fins dos anos setenta, especialmente numa babilônica cidade de São Paulo.

Olhando para 2017, é inegável o mérito do diretor Danny Boyle. O grande trunfo do filme, senão o maior, é justamente esta sensação de proximidade e amizade reavivada com o quarteto, nossos amigos já de longa data (duas décadas para sermos mais precisos).

A sensação é de continuum. Estes vinte anos passaram muito rápido, mas também foram, de alguma forma, muito densos, seja para Renton, Spud, Begbie, Sick Boy, você e eu.

O roteiro, a montagem, a história e as músicas que dão o tom energético à T2 – Trainspotting, sem sombra de dúvida, são primorosos, contudo, esta sensação complexa, e até contraditória, que mistura nostalgia, saudade, reflexão, angústia, esperança e carinho, é o grande trunfo do filme. Uma obra que parece comportar o simbolismo do tempo e vinte anos de história.

Agora aos quarenta anos, tal como Renton, sentimos saudades dos vinte, aproveitamos da melhor forma o presente e, quem sabe, e se tivermos sorte, nos encontraremos novamente aos sessenta… Espero que estejam todos bem.

Choose life!

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